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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Pai de jovem ameaçado de morte comenta desespero

Pai de jovem ameaçado de morte comenta desespero

Abrigos da cidade não aceitaram o menino por recomendação da própria Vara da Infância de Mauá Derla Cardoso/ Mauá
“Prefiro responder com a minha vida do que com a dele. Afinal, fui eu quem o pôs no mundo”. A frase faz parte do relato de um pai desesperado que tem o filho sob constante ameaça de morte por traficantes. O produtor de eventos e maitre Carlos Alberto Alves, de 46 anos, conversou com o BOM DIA sobre o drama que a família vive há duas semanas.

Carlinhos Câmara, como é conhecido, é pai do menino de 15 anos de Mauá que passou a noite da última quinta-feira (5) numa viatura da Guarda Civil Municipal da cidade aguardando uma vaga num abrigo público para evitar ser assassinado.

Como nenhum abrigo do município aceitou receber o jovem, que está ameaçado de morte, ele foi acolhido provisoriamente pela Fundação Criança de São Bernardo. Na terça-feira a promotoria da Infância e Juventude de Mauá determinaram que ele deveria sair do local e voltar para casa.

O pai, por razões óbvias, não revela o paradeiro do menino, mas é certo que não está sendo guardado por órgãos do poder público. De acordo com Carlinhos, o apelo da família é que o menor seja admitido num abrigo público com proteção e tratamento psicológico.

“Eu recebi muitas visitas de traficantes, mas eles não procuram dinheiro. O que querem é a pele do meu filho. O problema não é só esse porque ele também passou a ser ameaçado por policiais civis que estão envolvidos”, contou o pai.

Ainda segundo ele, dois policiais teriam ido à sua casa e pedido para que entrasse numa viatura. “Depois que recusei eles me disseram que sabiam que eu tinha mais filhos e foram embora.”

Para o responsável do menino, o que mais revolta é o fato da juíza não ter pedido proteção especial para o jovem ou tê-lo deixado na Fundação Criança. “Eu pago os meus impostos e meu país tem leis. Onde está o ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente]? A juíza não está cumprindo a missão dela, ela não deve ter filhos. Meu filho precisa do poder público para se reintegrar à sociedade.”

Ajuda/ Durante as conversas que teve com o menino após receber a notícia das ameaças, Alves contou que o jovem teria dito que queria ajuda para se tratar, mas não deixou claro se era ou não usuário de drogas.

Esta, segundo o pai, é a primeira vez que a família se vê envolvida com o tráfico. “Temo pela integridade física do restante da minha família, mas não da minha. Esse caso vai muito mais longe porque ou me matam ou me prendem, mas para prender terão que ter argumentos. Estou no tudo ou nada pela vida do meu filho.”
Entenda o caso

Informações dão conta de que a policiais abordaram o jovem na semana passada, pegaram a droga e o dinheiro que ele portava, mas não o prenderam. Hoje, o menino está ameaçado de morte porque não entregou o lucro do dia ao traficante.  

O jovem foi inicialmente atendido por uma conselheira de Santo André. O menino havia ido dormir na Casa Amarela, o albergue para moradores de rua da cidade. A responsável pelo atendimento, Débora Prado, afirmou que na quarta-feira, o jovem dormiu em um abrigo da cidade.
Depois disso foi levado até Mauá, mas os conselheiros não conseguiram abrigo na própria cidade.
Desespero

“Meu filho disse que não vai voltar porque se não também irão me matar e ao irmão dele.”
Carlinhos Câmara, 
pai do jovem ameaçado

Desânimo
“É muito triste ser conselheiro tutelar desse jeito. Não temos nenhum apoio.”
Jaime de Lima,
conselheiro de Mauá


Vara da Infância não comenta o caso
Mesmo procurada pessoalmente pelo BOM DIA, juíza responsável pelo caso não fala sobre o assunto; a motivação seria o sigilo do processo

 Promotora e juíza da vara da Infância e Juventude de Mauá foram procuradas para comentar a decisão de enviar o menino para casa, mas não quiseram se pronunciar.

A Vara mauaense recomenda que os abrigos não aceitem ameaçados de morte, mas também não instrui  os conselheiros tutelares sobre o que fazer neste tipo de situação.

“O artigo 93 do ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente] diz que em caráter de urgência as entidades que mantêm programa de acolhimento podem acolher jovens nestas condições sem determinação da justiça”, explicou o presidente da Fundação Criança Ariel de Castro Alves.

Sobre a denúncia envolvendo policiais civis, o delegado titular do 1º DP (Distrito Policial) de Mauá, onde o caso foi registrado, afirmou que sabe que o menino está sendo ameaçado, mas apenas por traficantes. “Não sei nada envolvendo policiais civis. Se ele [pai do garoto] está sendo ameaçado peça para procurar a Corregedoria e denunciar.”

Fonte: Rede Bom Dia
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